LIVRO: “TECNOPOLÍTICAS DO COMUM: ARTES, URBANISMO E DEMOCRACIA”

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Alemar Rena, Lucas Bambozzi e Natacha Rena lançam o livro “Tecnopolíticas do comum: artes, urbanismo e democracia” (ed. Fluxos, 2016).

Apresentação // Por Pablo Lafuente

A cidade é, possivelmente, o último reduto do projeto moderno. Estruturas massivas, onde as relações sociais são reorganizadas em função de ritmos de produção e trocas dos quais aqueles que nelas habitam dificilmente conseguem escapar. Mas talvez precisamente por isso são também lugares de resistência, onde é possível (ou simplesmente urgente) desenvolver novas estratégias e tecnologias de construção do espaço (físico, afetivo e social) e constituição da vida.

Frente a isso, Cidade Eletronika: Tecnopolíticas do Comum se apresenta ao mesmo tempo como uma coleção de propostas de intervenções tecnológicas, políticas e artísticas no contexto urbano, e uma aposta na noção de que essas intervenções sejam, de fato, cada vez mais urgentes e possíveis.” Pablo Lafuente — Professor visitante da Universidade Federal do Sul da Bahia e co-curador da 31a Bienal de São Paulo.

 

Editorial // Por Alemar Rena, Lucas Bambozzi e Natacha Rena

O livro “tecnopolíticas do comum: artes, urbanismo e democracia” tem o objetivo de reunir, em uma publicação impressa e digital trilíngue (português, espanhol e inglês), textos resultantes das falas e apresentações do seminário Cidade Eletronika, ocorrido no âmbito do Eletronika 2015, em Belo Horizonte (Minas gerais, Brasil).

Num tempo em que nossas cidades e nossos modos de viver encontram-se quase inteiramente atravessados por um discurso apologético da objetividade produtivis-
ta — mas que de fundo abriga fisiologismos e corporativismos centrados na lógica dos privilégios individuais, na exploração do trabalho, no comércio dos afetos, e, no limite, na exploração irresponsável do meio ambiente — torna-se incontornável recolocar os
debates atuais sobre as tecnologias, as artes e suas estéticas por um viés que abarque também a ética e a política. Soma-se à seriedade dessa discussão a necessidade de compreensão de questões que também envolvem a experiênciação, o afeto, uma sensibi- lização que aponte possibilidades para além da disputa pelo poder. Não nos parece mais viável, enquanto acadêmicos, críticos, curadores ou artistas, fugir a esse compromisso e desafio cada vez mais premente.

o seminário Cidade Eletronika 2015 pretendeu encarar de frente um tal desafio, pro- pondo em suas linhas de debate 3 temas correlacionados: “tecnopolítica do cotidiano”; “tecnologia reversa: apropriações para o comum”; e “o que nos dizem as redes”. Um dos resultados desses ricos debates cruzados é o livro que o leitor tem em mãos.

Cada um desses eixos e seus conteúdos são introduzidos, aqui, por curtos textos escritos pelos mediadores das mesas e que dão ao leitor uma ambientação para as reflexões que se seguem. das articulações críticas a respeito de conceitos como Smart City, rede e espaço público, a apostas em plataformas cartográficas para a pesquisa tec- nopolítica e cultural e metodologias comunitárias e ativas nas artes, a presente coletânea apresenta-se como uma tentativa de mobilizar uma ampla reflexão crítica a respeito da metrópole contemporânea e de uma outra democracia por vir, muito embora aqui já se insinue.

Como ecoou em diversos momentos nos cruzamentos multidisciplinares do Cidade Eletronika (em confluência também com o Fórum Eletronika, o Festa das luzes e o próprio Eletronika), o contexto atual demanda novas sensibilidades e práticas para o dis- cernimento do que importa nesses cruzamentos entre tecnologias e cidades. Esperamos que os escritos reunidos nesta publicação possam contribuir para as reflexões em torno das relações possíveis hoje entre tecnologias, política e cotidiano; entre as potencia- lidades tecnológicas e estéticas e a produção de riquezas comuns; e entre todas estas instâncias e as diversas facetas das redes contemporâneas (eletrônicas e não eletrônicas) tecidas em um mundo complexo.

a aposta que nos guia é a de que, no cenário atual, torna-se inadiável voltar os esfor- ços para a compreensão das relações possíveis entre as micropolíticas do cotidiano, as artes e as tecnologias e a construção política das metrópoles a partir de uma transversa- lidade que inclua experiências sensíveis, antes incompatíveis com a política, e talvez hoje mais condizentes com a constituição do bem comum. Cabe rever práticas e éticas que possam nos auxiliar a escapar dos novos tentáculos do capital, que avança cada vez mais sobre nossos corpos, nosso sono, nossa experiência estética e nossos espaços comparti- lhados. Que estes textos possam nos dar pistas sobre o que urge dentro de cada um em um mundo em crise, indícios partilhados que possam nos apontar novas possibilidades de enfrentamento.

BAIXE O LIVRO AQUI.

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